sábado, março 28

A despedida...


Torna-se muito complicado pronunciar palavras sobre este assunto tão delicado para mim. A verdade é que chegou de facto a hora da despedida do local que durante tantos anos foi a minha segunda casa. Como em qualquer despedida, a tristeza assola-nos e teima em deixar saudades instantâneas. Torna-se uma árdua tarefa conseguir encontrar palavras para definir aquilo que estou a sentir neste momento.

Quando temos coisas, pessoas ou locais que nos acompanham quase diariamente, acabamos sempre por dar um maior valor na despedida, o que não me parece de todo o caso. O Batô para mim sempre foi um estado de espírito, algo que me permitia partilhar com as pessoas uma das coisas que mais gosto na vida, que é a música. Por ele perdi muitas e muitas coisas, foram bastantes anos, mas a verdade é que ganhei muitas mais, sendo essas que sempre me acompanharão a partir daqui na minha mais humilde lembrança.

Odiado por muitos, amado por outros, a verdade é que aquele barco sempre fez parte da minha vida, e agora chegou a altura de dizer ADEUS! Foi uma luta de anos em prol de algo que tenho medo que desapareça no futuro. Esse medo invade-me e faz que um dos meus sonhos talvez possa vir a desaparecer. Sempre disse às pessoas que me são chegadas que um dia gostava de lá ir com os meus filhos, tentando explicar o inexplicável, ou seja, o significado de um sítio tão básico à primeira vista, mas com uma magia inerente e irrefutável para mim.

O Batô era como se fosse algo vitalício para mim, algo que nunca teria um fim, apesar de ter noção que um dia teria que terminar para mim, mas sempre com a esperança que novos "marinheiros" pudessem levar o barco a bom porto. Não querendo dramatizar, a verdade é que um bocado de mim ficará ali dentro daquelas quatro paredes, por mais estranho que possa parecer à maioria das pessoas. Desde que me lembro, sempre fiz as minhas escolhas e opções muito baseadas no espírito daquele local.

Apesar da dor e da saudade, para sempre ficarão as imagens, os sons e as pessoas que conheci naquele local. Ali fiz amigos para toda a vida, e conheci de facto pessoas fantásticas. Pessoas que saiam à noite simplesmente para ouvir música, independentemente do ambiente, porque não era isso que as movia, nem era isso que procuravam. Pessoas que não procuravam uma casa da moda, procuravam simplesmente divertir-se ao som daquela música que julgavam ser a ideal e com a qual se identificavam. Essas pessoas provavam todos os fins de semana que é possível dançar ao som de música Rock, fazendo com que simples noites, se tornassem épicas apenas pela alegria geral.

Não consigo definir em palavras tudo aquilo que vai cá dentro neste momento, mas tenho uma certeza, o "meu" Batô, o "nosso" Batô, esse nunca irá desaparecer, e permanecerá para sempre nas nossas melhores lembranças do passado...

A todos aqueles que fizeram parte daquele sítio enquanto clientes ou funcionários, o meu muito obrigado por aquilo que me deram ao longo de todos estes anos, acreditem que consigo quantificar, e posso dizer que foi muito. Esse carinho e amizade sempre culmatou as coisas que foram ficando perdidas, e essas coisas boas nunca ninguém mas tirará...

Aqui fica apenas uma pequena selecção das milhares de fotografias que tenho naquele sitío tão mágico...

ADEUS BATÔ...Até sempre!


quarta-feira, março 25

Porque...


Porque é bom ser lamechas de vez em quando e hoje apetece-me...

Porque há filmes que não nos saem da cabeça...

Porque todos ficamos com imagens para sempre na nossa memória...

Porque há música mágicas que nos levam para lugares longínquos...

Porque nos pequenos pormenores se vê a essência das coisas e das pessoas...

Porque nos faz bem sonhar...

Porque a vida é capaz de nos surpreender quando menos esperamos...

Porque a vida é demasiado curta para não arriscarmos sermos felizes...

Aqui vos deixo um pequeno vídeo (um pouco lamechas confesso)...



quinta-feira, março 19

Apenas Sentimentos...

Como definem ou quantificam os sentimentos que nos interpelam o coração e a mente? Algum dia conseguiremos definir o que isso é, ou o que isso possa vir a ser? Julgo que não...
Passaremos uma vida nessa ânsia pela busca de algo que não existe. Todos os dias tenho novos sentimentos dessa gama indefinida.

Hoje queria gritar futilidades inexoráveis e ser compreendido. Hoje queria que alguém me percebesse, queria partilhar estes sentimentos perdidos, mas sinto que serei um eterno insatisfeito, porque nem eu sei o que são estes "gritos" que me invadem e que tanto me esforço a tentar definir...

É talvez uma sensação semelhante àquela que já ouvimos e que é a de nos sentirmos sozinhos no meio de uma multidão. É uma sensação de revolta por algo que desconhecemos e apesar de tudo na nossa vida parecer cor-de-rosa. Estranha sentimento este, mas é assim mesmo que me sinto neste momento, a caminhar por ruas intermináveis que desconheço.

Hoje apetece-me ouvir aquele grande contador de histórias, e com quem tanto me identifico, Ian Curtis, quem mais?


Joy Division - Disorder

"Ive been waiting for a guide to come and take me by the hand,
Could these sensations make me feel the pleasures of a normal man?
These sensations barely interest me for another day,
Ive got the spirit, lose the feeling, take the shock away.

Its getting faster, moving faster now, its getting out of hand,
On the tenth floor, down the back stairs, its a no mans land,
Lights are flashing, cars are crashing, getting frequent now,
Ive got the spirit, lose the feeling, let it out somehow.

What means to you, what means to me, and we will meet again,
Im watching you, Im watching her, Ill take no pity from you friends,
Who is right, who can tell, and who gives a damn right now,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Ive got the spirit, but lose the feeling,
Ive got the spirit, but lose the feeling,
Feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling."

quarta-feira, março 11

Festa da Grafonola II...


Este sábado, dia 14 de Março, a partir das 22h:30 realiza-se a 2º edição da Festa da Grafonola no bar 1/4 de Águas Bar em Leça da Palmeira. Esta não é apenas mais uma festa dos anos 70 e 80, tão comuns hoje em dia, é uma festa com alguma mística realizada por amigos para amigos. O ambiente que normalmente rodeia esta festa é contagiante e penso que diverte qualquer um.

A música fará uma retrospectiva ao longo de alguns anos passados, tentando buscar muitos dos hits guardados nas prateleiras lá de casa. Será concerteza vivido um momento de nostalgia geral, com muita alegria e festa à mistura.

Tirem as roupas antigas do sótão, trajem-se a rigor e entrem no espírito daquela que será uma noite para mais tarde recordarem...


Bar 1/4 d'Águas
R. Dois Amigos 241, Leça da Palmeira, 4450-657





Blondie - Heart of Glass

terça-feira, março 10

Dia Internacional da Mulher...


Não podia deixar em claro o dia de ontem, dia Internacional da Mulher. Não ligo muito a dias internacionais, nem a datas, mas a verdade é que é sempre bom relembrar e homenagear as mulheres que fazem parte da nossa vida. A primeira imagem que me vem à cabeça é da minha mãe, da minha irmã e da minha sobrinha. Por tudo o que me dão, por tudo aquilo que me fazem sentir, e por me fazerem sentir especial, dando um colorido diferente à minha vida. Obviamente que a seguir vêm todas as minhas amigas e conhecidas que me querem bem e dizem alguma coisa enquanto pessoas.

Não gosto muito de diferenciar os sexos, e dizer que as mulheres são capazes disto ou daquilo, uma vez que para mim existem pessoas, todas diferentes e com os seus valores, independentemente do sexo. Obviamente que a nossa natureza é diferente e permite-lhes sensações e vivências únicas, que aos homens é humanamente impossível.

Admiro mulheres independentes, donas do seu nariz, com as suas convicções bem delineadas e que não se deixam levar por esta onda de afirmação feminina em relação ao sexo masculino, que começa a roçar o leviano em muitas situações e que me deixa um pouco apreensivo em relação ao sexo feminino. Mas a verdade é que sei que há mulheres fantásticas, e são essas que me fazem ainda acreditar em relações. Mas neste momento não é esse o assunto que pretendo abordar.

Hoje deixo aqui apenas umas palavras de elogio a todas as mulheres especiais na nossa vida, e que são capazes de nos fazer esboçar um sorriso quando nos lembramos delas. Para mim os dias internacionais dessas mulheres são todos os dias do ano.

Devemos preservar todas as pessoas especiais da nossa vida, dada a célere e avançada extinção desta espécie ao longo dos anos. Um bem haja a todas as mulheres da nossa vida...



Lambchop - Is a Woman

quarta-feira, março 4

Decisões...


Hoje acordei a pensar naquilo que a maioria de nós, em algum momento das suas vidas, se interrogou: " Se eu pudesse voltar atrás até onde quisesse na minha vida, o que alteraria?" Bem sei que muitas vezes dizem que não alterariam nada, até porque não nos devemos arrepender do que fazemos mas sim do que não fazemos, e por aí fora. Outros há que dirão que alterariam muita coisa e escolheriam rumos diferentes na sua vida, e quem sabe tudo seria diferente...

Eu encontro-me neste segundo grupo, no grupo daqueles que alterariam muita coisa na sua vida, não porque não estou satisfeito com a minha vida, mas porque penso que em alguns momentos da minha vida não tomei as decisões correctas em quase todos os campos. Há por exemplo uma sensação que me persegue, e duvido que algum dia desapareça, que é a sensação do não "não-ter-tentado" realizar um sonho que me acompanhou enquanto adolescente, e que hoje é completamente impossível de pôr em prática, apesar de nunca ser tarde para nada.

Todo este puzzle posto em cima de uma mesa, como se de peças se tratassem, faz com que haja milhentas combinações diferentes, e prova que a nossa vida poderia ter sido completamente diferente se tivessemos tomado esta ou aquela decisão de outra forma. Há sempre caminhos ou atalhos que nos levam aos mesmo sítios, ou então a sítios completamente diferentes, está tudo ao alcance de querermos e acreditarmos. Sempre fui um sonhador, sempre acreditei em quase todos os meus sonhos, mas não acreditei nem acredito em todos, acarretando daí as respectivas consequências interiores. As contigências da vida tornam-nos pessoas um pouco diferentes e fazem-nos afastar daquilo que outrora acreditamos, assumindo mesmo em determinados momentos algum pessimismo.

Tenho plena noção do que podia ter acontecido e não aconteceu, e do que aconteceu que não devia ter acontecido. Estes antagonismos na nossa cabeça tornam-se como o mau tempo, ou seja, voltam de vez em quando para nos fazerem lembrar que existem e não desapareceram apenas porque queremos. Não os considero fantasmas na nossa vida, parece-me um termo um pouco pesado, mas são como lembranças que nos fazem interrogar no preciso momento acerca de aonde estamos e para onde queremos ir.

Mas a magia da vida no fundo é esta mesmo, são as decisões no momento certo que podem alterar toda a conjuntura da nossa vida. Desta forma, e constantando que a vida é assim, porquê não arriscarmos em prol da nossa felicidade? Só temos a ganhar, e deixamos de ter estas pedras no sapato que tanto nos incomodam. A vida começa a mostrar-nos tudo aquilo de bom que ela tem para nos oferecer e nós...nós estaremos a sorrir e a contemplar esta dádiva que nos foi dada para viver uma vida e podermos deixar cá a nossa marca seja de que forma for....




David Bowie - Life On Mars

segunda-feira, março 2

A sociedade...


Ultimamente tenho noção que ando com o meu sentido crítico um pouco aguçado, mas de facto há coisas que me levantam alguma repugnância e me merecem algumas palavras de desacordo. São meras opiniões de alguém que é apenas um ser comum, com defeitos, com erros, mas com uma opinião, valendo ela o que vale.

A verdade é que fico triste quando vejo a sociedade em que vivemos, e pior de tudo, os valores com que vivemos. As pessoas vivem de fachadas, vivem do que vêm nas revistas e na televisão, querendo ter de alguma forma uma vida semelhante ao ditos notáveis, que na minha opinião de notáveis não têm nada. Damos valor a quem não o tem, e subvalorizamos aqueles que fazem arte ou que têm algum valor, e não se limitam senão a aparecer em festas ou na televisão.

Para onde caminhamos desta forma? Assusta-me pensar que as pessoas se regem por valores deste género, perdendo alguma esperança na raça humana. Todos querem ser famosos e bonitos, perdendo de todo aquilo que a meu ver é mais importante. Não quero ser politicamente correcto, até porque admiro que as pessoas se cuidam e gostam de andar bonitas, mas meus caros, há mais coisas tão ou mais importantes que isso. O amor próprio é fundamental, mas quando vira egocentrismo está tudo estragado.

Vivemos numa sociedade de egocentristas. Pessoas que apenas olham para o próprio umbigo, capazes das piores atitudes em prol dos seus desejos e das suas vontades. Há aquelas pessoas que marcam estratégias na nossa sociedade, fazem caminho e produzem verdadeiras ondas de transformação nos valores duradouros e não nos transitórios. Quem dá valor a essas pessoas? De uma forma geral, diria que ninguém.

Neste lugar comum existe sempre um défice de valores e critérios duradouros. Ficamo-nos simplesmente pelos mais efémeros, em que a ironia ou a crítica se esgota no próprio momento e não é de todo construtiva. Deste modo continuaremos a ser meros fantoches neste teatro que é a nossa vida. Vamos todos uns atrás dos outros, sem sequer nos darmos por isso e sem nos preocuparmos em marcar a diferença de algum modo. Estas modas ou lá o que sejam, acabam com a mais pequena originalidade que possamos imprimir aos melhores momentos da nossa vida, que a meu ver terão que ser todos.

É de facto uma dádiva poder viver, e termos a capaciade de deixarmos a nossa marca de algum modo nesta vida. Vamos continuar a ser apenas mais um ser humano, ou vamos tentar marcar a diferença através daquilo que é mais importante, que são os nossos valores e a nossa criatividade?

Acho que se tentarmos somos capazes. Vamos fazer...


The Kooks - Naive

Olhos vs Coração...


Sempre ouvi dizer que o que "olhos não vêm o coração não sente". Há muitos ditados e provérbios populares que se mostram verdadeiras palavras sábias. Neste caso, sou obrigado a discordar. Há coisas que, infelizmente nos assolam a memória e teimam em sair, mesmo que muitas vezes tenhamos que fazer um grande esforço.

O grande problema nestas situações, é que os nossos olhos não vêm muitas vezes a realidade, vêm aquilo que o nosso coração vai ditando, e na maioria das vezes não é de todo o verdadeiro. Estamos muitas vezes profundamente enganados, e não há nada melhor que ser o tempo a provar-nos isso mesmo. Não vale a pena perder tempo a tentar entender as coisas que não têm explicação.

Havemos sempre de sentir dor e mágoa pelas coisas e pelas pessoas, mesmo que não tenhamos uma imagem visual delas constante. Duma coisa temos que estar cientes, as pessoas passam a vida a enganar-se em relação ao ser humano em geral, e por isso não devemos guiar apenas por aquilo que os nossos olhos mostram. Estamos cansados de saber que a qualquer momento podemos cair no buraco que nós próprios temos o cuidado de abrir.

Hoje penso que, como vou vendo, o tempo encarrega-se de pôr os pontos nos i's nas histórias da minha vida. Vou vendo com clareza quem é quem neste jogo que todos nós teimamos em jogar. Perdemos demasiado tempo com estas futilidades, com estes pensamentos irreais, com este ciclo vicioso de pensamentos que nos leva sempre ao mesmo lugar comum.

Esta música acompanha-me sempre nos melhores e piores momentos da minha vida...palavras sábias numa melodia contagiante, que me eleva para lugares distantes. A pergunta que se impõe é: " Do you believe in what you see?"


Zero 7 - In the Waiting Line




Wait in line
'Till your time
Ticking clock
Everyone stop

Everyone's saying different things to me
Different things to me
Everyone's saying different things to me
Different things to me

Woooohh
Do you believe
In what you see
There doesn't seem to be anybody else who agrees with me

Do you believe
In what you see
Motionless wheel
Nothing is real
Wasting my time
In the waiting line
Do you believe in
What you see

Nine to five
Living lies
Everyday
Stealing time
Everyone's taking everything they can
Everything they can
Everyone's taking everything they can
Everything they can

Woooohh
Do you believe
In what you feel
It doesn't seem to be anybody else who agrees with me

Do you believe
In what you see
Motionless wheel
Nothing is real
Wasting my time
In the waiting line
Do you believe
In what you see

Ah and I'll shout and I'll scream
But I'd rather not have seen
And I'll hide away for another day

Do you believe
In what you see
Motionless wheel
Nothing is real
Wasting my time
In the waiting line
Do you believe
In what you see

Everyone's saying different things to me
Different things to me
Different things to me
Different things to me
Different things to me
Everyone's taking everything they can
Everything they can