quarta-feira, abril 30

As melgas...



Hoje vou falar de um tema um pouco fora do comum, ou infelizmente talvez não. Após uma noite mal dormida, devido a estes seres voadores que são as melgas, decidi reflectir um pouco sobre isso. Bem sei que melgas há muitas, principalmente pessoas, mas este tipo de insecto abunda na nossa vida. Há seres que coabitam connosco neste mundo, que a meu ver só servem para atrapalhar, por muito sarcástico que possa parecer. Há seres como melgas, mosquitos e moscas que têm a capacidade de me tirar do sério, e diga-se que não é tarefa fácil. Como conseguem seres destas dimensões tão ínfimas irritar-nos? Qual a sua utilidade senão para nos massacrar e nos fazerem sucessivos testes de paciência?

Esta semana, após um dia cansativo, eis que dou por mim na minha cama. Após aquela sensação de prazer de esticar o corpo, começo naquele momento "Zen" de introspecção, já prestes a dormir. Tudo corrias às mil maravilhas, até que oiço um pequeno zumbido. Aquele zumbido que, apesar de suave, naquele silêncio total parece que entoa e se ouve a três quarteirões. Não me queria acreditar que, não estando ainda o calor instalado, estes seres já tinham vontade de dividir o quarto comigo. Obviamente me senti logo culpado, por ter estado à janela do quarto como a "Carochinha" . Eles devem ter sensores ou qualquer coisa do género que os avisa, não é só a luz de certeza. Mal abrimos a janela, eles devem estar prontinhos a entrar, como se uma discoteca se tratasse. São aos milhares e fazem fila para nos vir azucrinar o juízo. O pior é que não os convidei para entrar, muito menos me pediram. Parece-me à primeira vista invasão de privacidade.

Quando dou por mim, andava já à horas de chinelo na mão, de óculos, à procura desse ser incomodativo e irritante. Cenário decadente. E o pior de tudo, é que não a encontrava e elea teimava em não aparecer. Já me soava a filme de terror, olhando para o relógio e pondo em causa ter que ir domir para outro lado, deixando o meu quarto para esse ser estranho que se apropriou do meu espaço. Quem já não estava bem no meu quarto era eu. Comecei a equacionar se não deveria ser ao contrário, as visitas estarem meias incomodadas, mas não me pareceu de todo. Sempre que acendia a luz para o procurar, a melga encondia-se tão bem que não havia maneira de a encontrar. Tentei de tudo, até acender a luz do corredor, para ver se ela se escapava para lá, mas infortunamente foram sempre tentativas frustradas. A melga estava a levar a melhor, e teimava em zumbir perto de mim sempre que decidia apagar a luz e tentar dormir novamente.

Já cansado deste jogo de "escondidinhas", fazendo-nos recordar a infância, decidi que ía fintá-la. ("Meu Deus, ao que nós chegamos!") A hora já ía avançada, e decidi usar a estratégia de alguns animais primatas na selva em busca da sobrevivência, ou seja, fingi-me já a dormir, com o chinelo na mão, preparado para a eventualidade. Finalmente ela caiu na esparrela, e ao fim de alguns minutos resolveu dar sinal de vida. Seguia-a com o olhar como uma perseguição policial e aqui vai chinelada contra a parede. A minha vizinha devia pensar que tava a fazer obras de madrugada, visto as chineladas terem sido algumas e bastante ruidosas. Eis por fim que consegui liquidar esse ser irritante. Depois de todo este trabalho, ainda tive que ir limpar a parede, não fosse o meu quarto um dia parecer um cemitério de melgas. E o pior, é que os familiares podiam querer vir ao funeral, ou visitar as campas e eu não estou nessa disposição. Era o que mais me faltava.

A todos vocês que já passaram por isto, ou ainda vão passar, eu recomendo calma e alguma perícia, porque não se torna uma tarefa fácil de todo. No final sentimo-nos capazes e corajosos, mas no fundo apenas derrotamos um ser de três milímetros que à nossa beira deveria ser inofensivo, mas que na realidade não é bem assim.

Se conhecerem algumas melgas, avisem-nas para não me fazerem visitas nos próximo tempos, porque eu vou estar atento e munido de artilharia pesada (aka chinelos com pitões de alumínio)...

2 comentários:

Anónimo disse...

..."chinelo na mão, de óculos..." e de ROBE claro!
;)

***

Diana C. disse...

de rebolar a rir...
Verdade é que só nos rimos com a desgraça dos outros, desculpa! Estou solidária e sei oq ue isso é, mas teve muita piada pá.